Peças de cerâmica inspiradas na Mata Atlântica viram fonte de renda para comunidade da zona rural de São Bernardo
A região de Riacho Grande, distrito rural de São Bernardo é marcada por uma grande diversidade da vegetação da Mata Atlântica. E é ali que um grupo de artesãos transforma essa diversidade botânica em peças de cerâmica que geram emprego e renda para a comunidade. “Estamos em uma zona rural e foi olhando para o nosso entorno que resolvemos focar o nosso trabalho na Mata Atlântica”, conta Walter Alves, Presidente da Associação Cerâmicas Baluarte.
Para o desenvolvimento do trabalho, a associação desenvolve, não apenas o ensino para confecção das peças, mas promove o conhecimento das espécies que são utilizadas durante o processo. “É necessário saber reconhecer as espécies, bem como seus usos. Hoje, eles sabem que não é apenas mato, como se diz por aí, mas é uma mata rica e diversa”, explica Walter.
Flores e folhas, como embaúba, pariparoba, manacá, cambuci, peixinho, mulungu, entre várias outras, dão forma às peças, inclusive com a técnica da impressão botânica, uma espécie de aplicação decalque antes da etapa de queima, com a proposta de obter um certo realismo na peça. “O cambuci, por exemplo, é uma planta da Mata Atlântica que por um período entrou em extinção. Dá um fruto que tem muitos benefícios, é cicatrizante, diurético. Foi fundada, inclusive, a Rota do Cambuci, que nós fazemos parte, e a gente fomenta essa conscientização, levando o cambuci para as nossas peças”, diz o ceramista.
A preocupação ambiental também foi incorporada ao trabalho, com o aproveitamento total da argila. “Usamos e reciclamos a argila nas peças até o limite. Depois, o que não pode mais ser aproveitado paras as cerâmicas, fazemos bolas que são utilizadas nos vasos de plantas. No caso do esmalte, que é um material químico, o resíduo da limpeza dos materiais é armazenado em baldes para decantar e com esse resíduo, criamos um esmalte novo”.
A Associação Cerâmicas Baluarte reúne nove artesãos, em sua maioria, mulheres, em um ateliê coletivo, com a proposta de ser uma fonte de renda para as famílias. No ateliê, a Associação também ministra cursos gratuitos de formação em cerâmica, destinados à comunidade. Cerca de 50 moradores já concluíram o curso, desde o início das atividades.
O próprio Walter, hoje presidente, já foi aluno do projeto. Ele começou o curso durante a pandemia, sem nenhum conhecimento prévio, e hoje divide sua rotina de trabalho entre seu próprio ateliê e as atividades na Associação.
“Eu acredito muito no projeto da Baluarte. O que mais me encanta aqui é o trabalho coletivo e a possibilidade de ter uma profissão linda como a de artesão. Quem tem sede de aprender, vem para cá e aprende, isso é muito estimulante”, finaliza.
Para conhecer e contribuir com o trabalho, pode seguir a associação pelo @ceramicasbaluarte